segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Crises econômicas

Foi na Universidade do Texas que me despertaram a curiosidade sobre as crises econômicas. Perguntei aos professores pelos quais trabalhava como intérprete qual teria sido a causa da crise de 1929. "Não sabemos", responderam. Virou projeto. Eis um capítulo. 

O Proibicionismo e A Crise de 1929

Capítulo 83
Quinta-feira cinzenta
            O Estado de Indiana sofreu batidas adicionais, e a cana dura caiu de machado em cima de uma grande operação de destilação de açúcar de milho.  Maciços apresamentos – como sempre encurralando policiais e outras autoridades – continuaram, executando os últimos 50 mandados de prisão dos 300 inicialmente despachados.  Pipocavam entre esses noticiários de Indiana outros relatos do prejuízo e da devastação que a lei seca desencadeava em Illnois – cujos cidadãos arcavam com 10% das multas de álcool do país.  Nas estatísticas, as causas proibicionistas em juízo aumentaram em 70% acima do exercício anterior.  Isso numa época em que a receita federal arrecadava – só em Chicago – 47% a mais em imposto de renda comparado com o ano anterior.  Para os chicagoanos, esse tratamento estava pra lá de injusto.[1]

            Fiorello LaGuardia lançou-se como candidato contra o prefeito Jimmy Walker de Nova York, alegando que a polícia e as autoridades municipais sabiam quem matou Rothstein, mas encobertaram as provas.  Nessa mesma ladainha o coro era o ex-comissário Enright, que passou toda a campanha lembrando os nova-iorquenses das trapalhadas na investigação do assassinato, dando a entender que oficiais do governo estariam envolvidos no crime organizado.[2]  Quinze nova-iorquenses foram sentenciados num julgamento de conspirar contra a lei seca em 21 de outubro – um dia antes de o Supremo Tribunal registrar nos autos que dispensaria mandados de busca em batidas de bebida alcoólica.[3] 

           Em seguida divulgou-se que 91 residentes de Chicago Heights tinham julgamento agendado para novembro perante o juiz federal Wilkerson.  Mabel Willebrandt alegou na sua série veiculada nos jornais – e agora sendo editado como livro – que estas quadrilhas manejavam $24 milhões por ano.  Com estas notícias nas bancas, o pânico na bolsa de valores de Chicago ficou tão intenso que grandes multidões encheram a rua La Salle para assistir a liquidação.  Nova York foi colhida pela avalancha de liquidação e a imprensa de Wall Street sentenciou sobre o erro de deslanchar investigações do lobismo em meio a debates tarifários.[4] 

            O debate no Congresso sobre a pauta alfandegária ficou mais feia ainda e ameaçava minar o progresso no sentido de cortar os impostos.  A companhia americana de Açúcar de Beterraba divulgou corte no número de ações preferenciais, e nas ferrovias o trem estava mais feio do que nunca.  O trigo canadense acumulava entupindo os celeiros e pátios de estocagem ao passo que os agricultores de lá barganhavam querendo preços mais altos.[5] 


Referências: CT, Chicago Tribune; NYT, New York Times; WSJ, Wall Street Journal

[1]  (CT 10/25/29  25; 10/17/29  2; 10/21/29  12; 3/16/30  1)
[2]  (NYT 9/17/29  4; 10/5/29; 10/22/29  5; 10/23/29  4)
[3]  (NY World Almanac 1930  164)
[4]  (CT 10/22/29  24; 33) (WSJ 10/22/29)
[5]  (WSJ 10/23/29  5; 16) (CT 10/23/29  16, 27)

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